Capitulo II
“Tudo parece tão
simples visto daqui” – pensou Jack.
A terra se
mostrava grandiosa e azul com suas pequenas partes brancas, verdes e
iluminadas. Quando de sua janela via a lua achava ela triste e solitária, agora
olhando a terra a vê formosa, mas incompreendida. A beleza é sempre analisada
por cima, o que tira dela sua real função, acalentar os corações feridos. É
impossível se deparar com a natural beleza das coisas da vida e não bater o
coração mais forte, sendo no mínimo envolvido por uma onda de esperança,
esperança de que o amanhã nos trará coisas melhores.
O garoto senta
ao lado de Jack, também mirando o mesmo horizonte.
- Será que tem
alguém lá também olhando para a gente?
- É provável.
Lá, à noite, a lua é nossa musa na escuridão.
- Musa? Nossa,
lá deve ser solitário.
- Não, na
verdade tem muita gente. Mas o silencio da lua em alguns momentos é a única
coisa que nos compreende.
Por mais que
haja tantos modos de comunicação nenhum deles ainda conseguiu substituir ou
reproduzir o prazer e o carinho de um verdadeiro abraço. As pessoas precisam
sim se comunicar, mas isso não cresce nosso lado humano, apenas comunicativo. O
maior prazer em ser humano é sentir e transmitir sua humanidade. E nada mais
humano do que um abraço apertado, daqueles que segura por um momento o seu
fardo, que no fim do dia diz que está tudo bem, que apenas te abraça por
saudade.
A verdade é que
não são as restrições que nos tornam santos, mas sim nossa pura humanidade.
Quanto mais o homem se deixa humanizar, mais revelamos a presença de Deus em
nós. Infelizmente o homem não entende isso, pois não entende até hoje o seu
proposito aqui.
Olhando para a
Terra, Jack acaba se lembrando daqueles que estão lá. Seus pais, amigos e
colegas. O que eles estão fazendo agora, o que eles estarão pensando. Mil
pensamentos restritos a uma pessoa só.
Jack não era um
garoto tão espontâneo. Os sonhadores são restritos aos seus pensamentos, o que
afasta as pessoas, não porque ele quer, mas porque é preciso ter a mente aberta
para se ver além dos que os olhos alcançam.
Seu pai tinha o
dom de quebrar essa conexão com o “mundo da lua”. Meio de surpresa, meio
naturalmente. Com um abraço de urso, ou uma brincadeira, seu pai o trazia de
volta a realidade e lhe mostrava que existe beleza também nas pequenas coisas
da vida. Nada era tão simples como seu pai, um homem que não tinha muito, mas
fazia muito com seu pouco. Um simples carpinteiro, que dava forma a uma madeira
bruta, que transformava o inútil no indispensável para uma família ter seu
jantar.
- Acho que meu
pai saberia o que fazer nessa hora – pensa alto, Jack.
- Quem é seu
pai?
- Meu pai... é
meu pai!
- Hum...
- Acho que deveríamos
ir para casa. Estou cansado.
- Bem, você já está
nela, escolha sua cama – Fala ironicamente, a pequena criança, demonstrando o
horizonte vazio.
- Como você
dorme aqui? – Retruca, Jack.
- É bem simples,
você começa deitando e aí fecha os olhos. – Demonstra a pequena criança.
- Ok, então é
isso. – Conforma-se, Jack.
Jack espera que esse leve momento de
descanso o leve para um lugar melhor, sendo real ou não.
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