Esse texto não é sobre alguém, tipo de doutrina, ou tipo de igreja, mas sobre como eu imagino a pessoa com esse título representa, ou deveria representar.
"Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou" João 13:16
A começar por esse versículo já são explicitas características que a pessoa que desempenha tal função deve ter. Nunca ser a atenção, mas sempre lembrar que és o segundo e Cristo sempre o primeiro. A melhor pregação é aquela em que o locutor fica em segundo plano e a mensagem fica em primeiro. No momento em que o pastor começa a ser a atenção da pregação, a mensagem deixa de ser espiritual e torna-se apenas mais uma palestra religiosa. É difícil lidar com ego, com o orgulho, mas o que nos Enviou é sempre maior que o enviado.
"E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo;" Mateus 20.27
O pastor é sempre a segunda maior liderança da igreja - a primeira é a bíblia. Sendo assim ser servo é mais uma característica. Porém, a sociedade, principalmente brasileira, sempre viu o inverso, o líder sempre deve ser servido, segundo a concepção humana de liderança. Particularmente eu evito bajulações e procuro trata-los como qualquer outro irmão. É muito comum ver pessoas nesse cargo serem bajuladas, tietadas, mas e posto de servo vindo do pastor, acontece? Muito difícil em alguns casos. Quem é acostumado a ser servido dificilmente aprender a servir de um dia pro outro, mas é a humildade é o outro ponto chave desse cargo.
"Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo." Filipenses 2.3
Não amigo, um terno não te torna melhor do que ninguém. Acho que assim como eu, vários outros já devem ter observado isto, e reavaliaram o posto por não querer parecer maior do que alguém. É mais um "fardo" que o pastor leva, não se deixar levar pela vaidade e sempre ser conjunto com sua congregação, não alguém que desponte de modo vaidoso, mas que quando esta fora do púlpito seja um amigo que se possa chamar para uma lanchonete e conversar.
Já disse C. S. Lewis: "se você está à procura de uma religião que o deixe confortável, definitivamente eu não lhe aconselharia o cristianismo". E se quiser uma posição confortável na igreja, definitivamente eu não aconselharia o pastorado. É uma montanha russa de sentimentos e sensações. Haverá gratidão e ingratidão. Amor e ódio. Paz e contenda. Orgulho e humildade. E isso nem sempre relacionados a terceiros, mas a si mesmo.
Já conheci vários, já fui pastoreado por uns 5, mas ate hoje é difícil tomar uma referencia, talvez porque, assim como implícito no texto, o cara, mesmo sendo pastor, é só um cara, falho como eu. Já pensei em ser como Fabrício Cunha, mas fui tomado pela frustração devido a sua vergonhosa queda. Hoje admiro nesse posto o Augustus Nicodemus, e apesar de não ser pastor, mas teólogo, o C. S. Lewis.
Não, não sou pastor, talvez um dia, talvez teólogo, talvez nenhum dos dois. Minha avó dizia que eu seria engenheiro, doutor e pastor, mas nosso destino a gente é quem faz - estou terminando engenharia e todo dia sou chamado de doutor no meu trabalho, será que a velha era profetisa?rs. Sendo um dia ou não, deixo aqui minha admiração a aqueles, que mesmo nas menores congregações honram seu chamado.